Rejane Tamoto

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5 riscos que os “conservadores” podem correr sem perceber

“Sabe o que é, sou conservador (a).” Essa é uma frase muito comum quando o assunto é investimentos. Mas o que é ser conservador?

Segundo o dicionário Michaelis, o conservador pode ser “aquele que conserva” e é “caracterizado pela prudência e moderação”. Em investimentos, dependendo da análise de perfil de risco de cada instituição financeira, é aquele que deveria ter aplicado a maior parte de seus investimentos em renda fixa e uma parcela menor em multimercados e renda variável. Não vou entrar no mérito de quanto, pois cada lugar tem a sua recomendação.

O que interessa é observar os riscos que as pessoas que se consideram conservadoras estão sujeitas, sem fazer a menor ideia. Disclaimer: a ideia não é criticar ou defender um ou outro tipo de investimento, mas trazer a reflexão sobre os riscos que podem não são percebidos, seja por falta de educação financeira, por aspectos do comportamento ou culturais, como o de seguir conceitos tradicionais.

 1- Deixar o dinheiro perder valor

Na época do meu avô, esse tipo de conservador guardava o dinheiro embaixo do colchão, para o caso de ter recursos diante de algum evento iminente. Hoje é quem tem todo o patrimônio em conta corrente ou na caderneta de poupança nova (a que recebeu depósitos após 03/05/2012).

A impressão é que não há nenhuma perda deixando tudo do jeito que está. Em geral, só se percebe que há algo errado quando é preciso comprar um bem com o valor aplicado e ver que não é possível, pois os preços subiram e o dinheiro não acompanhou a inflação.

2- Falsa proteção de capital

“Ganhe 18% ao ano, sem poder resgatar o valor em três anos, ou receba de volta o dinheiro que investiu.” Esse tipo de aplicação tem o conceito de capital protegido. Ele geralmente é estruturado para oferecer um retorno elevado, desde que não se mexa no recurso em um determinado período. Se tudo der errado, porém, o investidor tem de volta o mesmo valor que aplicou, sem mais nem menos. Parece muito bom, mas nessa oferta há riscos que podem ser ignorados.

Se receber apenas o que aplicou depois de três anos, a pessoa não terá o dinheiro corrigido pela inflação, portanto não protegeu o capital investido da alta de preços. Outro risco é o de perder a oportunidade de ganhar mais em outros investimentos, principalmente se houver uma mudança de cenário econômico, porque deixou o dinheiro travado.

3- Imobilizar o patrimônio, sem considerar custos

Comprar muitos imóveis e viver de renda de aluguel é a estratégia certeira. Quem nunca ouviu isso de pais, tios, cunhados e avós? No Brasil é difícil não ter escutado, e no passado realmente pode ter sido a melhor coisa. Afinal, antes de 1994 – e isso não faz tanto tempo –, a inflação era a vilã e o dinheiro perdia valor rapidamente se não fosse aplicado em algo concreto.

Essa ideia ficou no DNA e os riscos que as pessoas que amam imóveis correm são o de não descontar todos os custos que terão com esse investimento (manutenção, Imposto de Renda sobre o aluguel e o custo quando fica desocupado). Quando tudo isso é levado em consideração, pode não ser o melhor investimento em termos de retorno.

O segundo risco que corre quem tem todo ou quase todo o patrimônio em imóveis é o de ficar sem liquidez (possibilidade de ter acesso ao dinheiro rapidamente e sem perdas). Afinal, tijolo não paga boletos.

4- Precisar da certeza de quanto vai ganhar

Há pessoas que só se sentem confortáveis se souberem, com certeza, no ato do investimento, quanto vão ganhar. Em geral, investem tudo ou a maior parte do que têm em títulos prefixados, que geralmente têm vencimentos para daqui mais de um ano.

Quanto mais distante o vencimento, maior o retorno oferecido. Aqui há o mesmo risco dos exemplos 3 e 2: o de ficar sem disponibilidade do dinheiro em caso de necessidade e precisar pegar um empréstimo. E o de perder a oportunidade de ter ganhos em outros investimentos caso o cenário mude, principalmente em prazos longos, de três, cinco anos para cima.

5- Acreditar na promessa de retorno irresistível

Esse ficou por último, mas podia ser o primeiro, já que durante a pandemia, as ofertas de pirâmides financeiras cresceram a ponto de resultar em uma força-tarefa pelo Conselho Nacional de Defesa do Consumidor (CNDC).

A taxa básica de juros (Selic) no menor patamar da história, somada à crise sanitária, estimulou muitos “conservadores”, que tinham medo de investir em ações, a arriscar em ofertas fraudulentas que em geral envolvem operações com criptomoedas, câmbio e day trade. Dessa forma, correm o risco extremo, de perda total do capital investido. Por isso é bom desconfiar se o retorno prometido for muito elevado, sem nenhum risco. Porque isso não existe no mundo real. E se tiver dúvida, sempre pesquise a empresa que está oferecendo o investimento no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Rejane Tamoto é planejadora financeira CFP®, jornalista e sócia da FIDUC. Voluntária na Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros-, tem como missão transformar positivamente a vida financeira das pessoas e contribuir para o crescimento dessa profissão no país.

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O que Game of Thrones tem a ensinar sobre planejamento financeiro

Reserva de emergência, investimentos de longo prazo e gestão de dívidas. O que aprender a fazer e a evitar com as três mais poderosas casas da trama

 A série de maior sucesso de todos os tempos da HBO não se resume a dragões, caminhantes brancos, estratégias políticas, guerras, romance e valores morais.

Ao longo de oito temporadas, GoT também trouxe importantes reflexões sobre planejamento financeiro. Como esse é meu clube, não pude deixar de prestar atenção em algumas práticas e filosofias que são úteis para todos nós, e também nas falhas nessa área cometidas por cada uma das casas.

ATENÇÃO: não se preocupe com os spoilers, mas sim em como as dicas a seguir podem mudar seu olhar sobre suas finanças

TENHA UMA RESERVA DE EMERGÊNCIA TÃO FORTE QUANTO A DA CASA STARK

A tradicional e mais poderosa família do Norte de Westeros tem experiência em atravessar longos e tenebrosos invernos. Sob o bordão “o inverno está chegando”, está sempre acumulando estoques de comida para esses períodos.

No planejamento financeiro, é o que chamamos de reserva de emergência ou colchão de segurança. É o dinheiro que você tem à mão para imprevistos, mas também durante períodos programados de poucos ganhos (para quem é autônomo).

Apesar de todas as perdas da família, nesta última temporada ela mostrou o quanto sua reserva de emergência estava robusta, capaz de alimentar ao menos quatro exércitos (Norte, Imaculados, Dothrakis, Selvagens) e dois dragões, que apareceram por lá antes da batalha da Longa Noite.


O que não fazer como os Stark: desde a morte do patriarca, a família entrou em uma espiral de perdas que no final fortaleceram os sobreviventes. O principal erro que a família cometeu foi o de deixar a emoção tomar o controle e não cumprir a promessa de casamento de Robb com a filha de Walder Frey. Apesar de ser forte em reserva de emergência, os Stark não tinham um bom plano de sucessão – um plano B mesmo para o caso de morte dos sucessores-chave.

PAGUE SUAS DÍVIDAS EM DIA, COMO A CASA LANNISTER

Eis uma casa que chegou ao poder e nunca mais saiu porque tem uma relação muito boa com o banco de Braavos. “Um Lannister sempre paga as suas dívidas”. Com esse bordão, sempre teve acesso fácil ao crédito do banco central para investir em um reinado forte.

Além disso, aliou-se a casas com bastante ativos, como ampla oferta de alimentos e soldados. No planejamento financeiro, recomendamos que dívidas devem ser estratégicas, de preferência em ativos que geram retorno, e pagas em dia.

O problema da família foi justamente sua ganância e sede infinita de poder, que a fez também ser a vilã da série. O que não fazer como a casa Lannister é justamente não querer tudo, indiscriminadamente, sem oferecer nada em troca.

As atitudes do patriarca e de Cersei Lannyster não consideraram as reações. O grande declínio da família foi a perda não só do patriarca, mas de todos os sucessores do trono, fruto do acúmulo de inimigos que Cersei construiu. Ela pode até permanecer no poder, mas sem a maior riqueza da vida dela: os filhos. Será feliz assim?

FAÇA INVESTIMENTOS DE LONGO PRAZO, COMO A CASA TARGARYEN

Danaerys Targaryen, até então a única representante de uma casa aniquilada antes mesmo do início da série, começou do nada.

Foi exilada, estuprada, perdeu o bebê e o marido no mesmo dia e é a representação da Fênix da trama: um belo dia saiu das cinzas com três pequenos dragões.

É a parte fantasiosa de GOT, mas não deixa de mostrar a importância da visão de longo prazo.

A personagem investiu na criação dos dragões e angariou pessoas não só com a força do fogo, mas com o poder do discurso e do senso de propósito.

Conquistou exércitos e seguidores para atingir o grande objetivo de vida: tomar o trono de ferro que pertence a ela.

No planejamento financeiro, a lição da personagem é justamente fazer um investimento de longo prazo e seguir um plano, implementando-o de forma gradual e consistente, não importa se no caminho houver obstáculos.

Outra boa prática foi ouvir conselheiros para não deixar as emoções atrapalharem suas decisões. Vamos ver se isso se sustenta no fim dessa temporada!

O que não fazer como a personagem: ela tinha nas mãos investimentos de alto retorno, criaturas capazes de destruir exércitos inteiros de uma vez. E teve altas perdas por não ter feito uma boa gestão de risco. Faltou à Danaerys um seguro para proteger os seus dragões – é claro que não é aquele das seguradoras! – mas uma estratégia de proteção contra armas letais, pois apesar de parecerem, eles não são invencíveis.

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PREVIDÊNCIA e as meias verdades que impedem você de garantir o seu futuro

Sobram informações sobre finanças pessoais e investimentos nas redes e cada vez mais será assim. Isso é bom porque mostra que o brasileiro quer ser o protagonista da própria vida financeira.

O engraçado é que, quanto mais informação circula, mais vejo gente perdida sobre o que fazer com aquele recurso que está parado na caderneta de poupança ou mesmo na conta corrente.

Razões não faltam, já que sobre um mesmo produto financeiro há chances de encontrar informações bem diferentes. Eu, que escrevia matérias sobre o assunto, sempre comparei essas nuances nas minhas pesquisas.

Na tentativa de simplificar tudo, alguns conteúdos rápidos deixam na cabeça das pessoas o que chamo de meias verdades. Uma comum é essa:

“Fundo de previdência privada é sempre cilada”

Espero que esse texto traga mais esclarecimentos do que dúvidas e ajude você a tomar decisões boas para o seu caso.

Como eu sempre digo: em finanças, para cada caso há uma recomendação.

Já li muito por aí que colocar dinheiro em fundo de previdência privada é cilada. Porque isso é uma meia verdade? Porque depende de uma série de fatores. Vamos a cada um deles.

Pode ser uma verdade completa se o fundo tiver uma gestão de ruim para péssima (como costumo ver em alguns bancos!) e um custo alto. Ou seja, uma péssima combinação.

Em muitos casos, quem tem um fundo de previdência assim fez a aplicação por recomendação do gerente do banco, que provavelmente estava precisando cumprir uma meta. Então, a má fama do fundo de previdência privada pode ser creditada ao vendedor e não ao produto.

ATENÇÃO AO OBJETIVO

A aplicação em um fundo de previdência privada dependerá do seu objetivo.

É verdade que é uma cilada se você recebeu uma rescisão e colocou tudo em um fundo de previdência. Também é uma cilada para quem investiu neste produto, mas não constituiu uma reserva de emergência, que é aquele recurso de fácil resgate para imprevistos ou para quem queria apenas investir para trocar de carro ou de imóvel nos próximos anos. Em ambos os casos, na hora do resgate poderá pagar uma alta alíquota de Imposto de Renda. Cilada, né?

Percebeu como o objetivo faz toda a diferença na escolha de um investimento? Lembre-se sempre: fundo de previdência não tem esse nome à toa.  

Não é nem meia verdade, mas é mentira que fundo de previdência é uma cilada para quem está querendo criar uma reserva financeira para curtir e viver bem a sua longevidade.

Por que é mentira que fundos de previdência privada sempre são uma cilada?

VERDADES VERDADEIRAS

Porque fundos de previdência têm vantagens únicas. Se o objetivo é poupar para ter independência financeira na aposentadoria, só em um fundo de previdência você pode escolher pagar apenas 10% de alíquota de Imposto de Renda. É a MENOR que existe, imbatível.

Melhor do que isso, só aplicações financeiras isentas – a diferença é que elas não terão a diversificação (lembra de nunca colocar os ovos na mesma cesta?) feita por uma gestão profissional, que só pode existir dentro de um fundo de previdência privada.

Gestão é muito importante para a geração de retorno, pois proporciona uma combinação de investimentos de longo prazo com alocações táticas para aproveitar bons momentos de mercado.

Fundo de previdência privada pode ser parte de uma estratégia de sucessão. O recurso pode ter como beneficiários os seus dependentes, facilitando todo o processo comum de inventário. Em alguns estados, a parcela em fundo de previdência privada não entra em inventário, o que reduz o CUSTO da sucessão.

Em um fundo de previdência existe a possibilidade de diversificar seus investimentos de longo prazo sem pagar o come-cotas, que é aquele adiantamento de 15% do Imposto de Renda que o governo debita automaticamente dos fundos de investimentos em maio e em novembro.

GESTÃO, GESTÃO E GESTÃO

Investir não é fácil mesmo. Mas um bom investimento começa quando se sabe no que aquele dinheiro será usado no futuro. E, o mais importante, quando você precisará resgatá-lo.

Eu acredito que maiores serão as chances de acerto se os seus investimentos tiverem uma gestão profissional. Em outras palavras, em vez de comprar Tesouro IPCA, CDB, LCI, ações das empresas A, B ou C, entre outros, pode deixar que alguém faça isso por você, e isso é o que os fundos fazem.

Só que isso tem um custo. E aqui entra outra meia verdade: “a de que todo fundo é ruim porque tem taxa de administração.”

É meia verdade porque isso não vale para todos os fundos. Como eu disse no começo desse artigo, pode ser verdade completa se a gestão for medíocre. Mas é uma afirmação que não faz sentido se o fundo tem uma gestão profissional que consegue entregar proteção e retorno em bons e em maus momentos de mercado, na comparação com o que você faria sozinho. Você acha que, mesmo assim, não vale a pena pagar uma taxa de administração?

FAÇA AS CONTAS

Nessa hora, é preciso recorrer à matemática para saber se faz sentido ter todo o trabalho de diversificar e cuidar sozinho dos investimentos de longo prazo. Ou saber se o pagamento da taxa de administração faz sentido porque você está delegando o serviço de escolher suas aplicações para outra pessoa que dedica inteiramente seu tempo para isso. 

Não sou gestora, e sim planejadora financeira CFP®. Meu papel é discutir sobre os objetivos e prazos dos clientes, e ajudá-los a dimensionar todos os lados da sua própria verdade. Assim, conseguem tomar uma boa decisão para si.

Meu trabalho é calcular o valor necessário para a independência financeira na longevidade e descobrir qual é o valor que pode ser investido todo mês para realizar não só esse plano de uma aposentadoria feliz em algumas décadas, mas também os de médio e curto prazos.

É um processo que passa por cálculos para encontrar a rentabilidade real, mas também pelo comportamental e pelo estilo de vida do cliente.

Dá para considerar todos esses fatores sem apoio de um planejador financeiro? Pode ser, mas não será tão fácil, já que temos a tendência de simplificar essa avaliação para tomar uma decisão que nos tire da inércia. 

Está comprovado que é conversando que chegamos às melhores conclusões sobre escolhas que podemos fazer para a nossa vida.

Está cansado de ficar estacionado em cima de meias verdades? Então vamos conversar.

Rejane Tamoto é planejadora financeira CFP® e Sócia da FIDUC Planejamento Financeiro.

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Sabe qual dinheiro não aceita desaforo? O que não foi investido

Quando se aprende a gastar menos do que se ganha, ou aumentar a renda sem elevar as despesas na mesma proporção, surge um fenômeno que causa um misto de prazer e desconforto em alguns investidores: onde investir o dinheiro parado em conta-corrente?

A sensação de prazer é óbvia, já que foi resultado de esforço, disciplina e foco em economizar para um objetivo – não importa se ele é claro ou vago.

Quando isso acontece, percebemos que somos capazes de criar o hábito de poupar e que temos o poder de guiar os números e não ser guiado por eles. Maravilhoso, não é?

MEDO DE ‘ESCOLHER ERRADO’ GERA DESCONFORTO

Mas em seguida vem o desconforto, causado pela dúvida sobre onde aplicar e o medo de fazer a escolha errada e de se arrepender. É natural, porque, primeiramente, existem milhares de opções no mercado financeiro.

Se você abre a plataforma de uma corretora, fica em dúvida. E, se for ao banco perguntar ao gerente, pode receber uma recomendação que não é exatamente a melhor para você.

O que observar antes de escolher? Maior rentabilidade? Prazo? Taxas? Impostos? É de causar um nó na cabeça de quem não entende sobre o assunto e quer comparar.

A INÉRCIA CORRÓI O SEU PODER DE COMPRA

Quando vem esse sentimento, três caminhos são possíveis. O primeiro é deixar como está, permanecer na inércia. O perigo é que, enquanto o dinheiro está lá, o poder de compra é corroído pela inflação.

Quem está nesse ponto deve, no mínimo, guardar o valor em um aplicação simples, como a poupança, até decidir onde alocar o recurso.

Nesse caso, lembre-se: o ganho da poupança praticamente tem empatado ou sido menor do que a inflação. Então, deixar o recurso estacionado na caderneta também não resolve o problema.

O outro caminho é o mais nocivo: gastar tudo e depois não se lembrar para onde foi aquele dinheiro que estava “sobrando”.

Eu já vi isso acontecer com pessoas que conseguem guardar, mas ao mesmo tempo não resistem às tentações do consumo. Para elas, o melhor pode ser colocar em uma aplicação automática.

O terceiro caminho possível – e agora puxo a sardinha para o meu serviço – é buscar auxílio profissional e feito sob medida.

PRIMEIRO PASSO: DEFINIR OBJETIVOS E PRAZOS

É nesse ponto que acabo conhecendo muitos de meus clientes. No processo de planejamento financeiro pessoal, colocamos um objetivo para esses recursos que estão parados em conta e um prazo para que fiquem aplicados.

Esse é o primeiro passo para tornar a escolha mais fácil.

A diferença de fazer o investimento durante um processo de planejamento é que as necessidades do cliente ficam sempre em primeiro lugar, e não as do banco e nem da corretora. Isso torna a escolha mais segura.

CONHEÇA O SEU COMPORTAMENTO FINANCEIRO

Além disso, nesse processo o planejador pode fazer uma análise comportamental do investidor – diferente da análise de perfil de risco (o formulário que você preenche para o banco ou corretora), que é obrigatória.

Ambos são importantes e auxiliares nesse processo, mas a diferença é que, na análise comportamental, o próprio investidor passa a perceber como reage a diferentes cenários quando o assunto é dinheiro.

Assim, sabe quais são os impactos positivos e negativos dessas reações nas decisões que ele toma em relação ao próprio dinheiro.

TER UMA PLANEJADORA É UM DIFERENCIAL

Com o apoio de uma planejadora financeira, consegue evitar erros que sempre se repetiram em sua vida na tomada de decisão.

Assim, acredito que há uma combinação de fatores que levam ao sucesso no processo de escolha dos investimentos.

O investidor precisa entender no que está aplicando seus recursos, investi-los com objetivos e prazos claros, ter autoconhecimento suficiente para saber qual o seu perfil de risco e de comportamento financeiro.

Acima de tudo, contar com alguém que trabalha apenas em prol de seus interesses. Esse é o meu clube.

 

 

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Quanto dinheiro você precisa para ter um planejador ao seu lado?

“Quando eu for rica falo com você. Não tenho dinheiro o suficiente”

“Se eu conhecer alguém que precisa, eu te aviso”

Essas são as frases mais comuns que escuto ao dizer que sou planejadora financeira. Afinal, essa é a primeira imagem que as pessoas têm em mente quando ouvem falar dessa profissão, que é tão recente no Brasil.

Essas afirmações não estão totalmente incorretas, já que pessoas dotadas de fortuna sempre tiveram acesso ao planejamento financeiro, seja por meio de atendimento exclusivo nas instituições financeiras com quem mantêm relacionamento, seja por meio de casas especializadas, os chamados family offices.

O outro lado também é verdadeiro, já que a mídia sempre divulga os mutirões para ajudar a organizar as finanças de pessoas que estão com a corda no pescoço. Uma iniciativa interessante nessa direção é o programa voltado para superendividados do Procon.

E COMO FICA QUEM NÃO ESTÁ NEM TÃO AO CÉU E NEM TÃO À TERRA?

Mas o que acontece com quem não está nem tão ao céu e nem tão à terra? Bom, com essas pessoas, que um dia fui eu e hoje pode ser você, a novela é sempre a mesma.

A gerente do banco liga oferecendo capitalização, previdência, às vezes pedindo quase como um favor pessoal pelos “anos de relacionamento”, ou barganhando um desconto na mensalidade se você aplicar suas economias no fundo x ou y. Às vezes nem liga e você vai sozinho pesquisar o que fazer.

Essa gerente está fazendo o trabalho dela, é claro, e longe de mim demonizar o que ela faz, já que conheci várias, inclusive nos cursos de planejamento que frequentei.

O que importa aqui não é julgar, mas é lembrar que uma profissional dessa está fazendo o trabalho dela para o banco ou corretora a qual está vinculada – mas não para você, para atender somente aos seus interesses.

CUIDADO COM O ‘ALMOÇO GRÁTIS’

Encontrar alguém que te ajude a transformar sua vida financeira positivamente e de graça será impossível. Não existe almoço grátis mesmo. E quem tenta provar isso acaba tendo uma indigestão no final.

E é aí que entra o trabalho do planejador financeiro, que pode cobrar uma mensalidade, um valor fechado ou um determinado percentual do seu patrimônio sob gestão por um serviço completo.

O planejamento completo que eu faço, por exemplo, inclui uma avaliação do seu perfil de comportamento para que cada solução seja adaptada a você.

Então, sob medida, ajudo o cliente a gastar menos ao fazer uma completa revisão do orçamento (e isso também é um ganho), a economizar e ao mesmo tempo escolher os seguros que realmente fazem sentido para a pessoa, a tornar mais eficiente o pagamento de impostos, a adotar estratégias que otimizam a sucessão familiar e – claro – a investir os recursos da melhor maneira possível, para os projetos de hoje, de amanhã e da independência financeira/aposentadoria.

É como se você tivesse acesso a um nutricionista, academia e terapeuta ao mesmo tempo, cuidando de você como um todo, mas no caso tudo que envolve sua vida financeira, por um valor único.

O QUE É MUITO PARA VOCÊ?

Precisa ter muito dinheiro para fazer isso?

Na minha sincera opinião? Não. Até por que você já deve ter pago por esses serviços que mencionei acima em algum momento de sua vida. Ou ainda vai pagar.

Mas o que é muito para mim pode ser pouco para você. Por isso, antes de dizer alguma das frases do começo desse artigo, faça uma cotação. Essa é grátis e não provoca indigestão.

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Só o planejador financeiro ajuda o investidor a ganhar mais

Aplicar bem os recursos, evitando perdas e obtendo bons rendimentos, é o desejo de todo investidor individual, não importa se iniciante ou experiente, se com um patrimônio de maior ou menor monta.

Ele pode estudar finanças para escolher as aplicações e entender os jargões, mas ainda assim não poderá escapar de tomar uma decisão que o conduza ao erro e, consequentemente, à perda.

Como isso é possível? A tomada de decisões financeiras leva em consideração intuição, memórias, impressões, percepções e emoções – aspectos subjetivos -que fazem com que os investidores individuais, mesmo os experientes, apresentem a tendência de perder na maioria das vezes.

Quem explica é Daniel Kahneman, psicólogo e Nobel de Economia em 2002 -teórico das finanças comportamentais, ciência que pouco a pouco conquistou respeito no mercado financeiro.

Sua mais importante obra neste sentido é o livro Rápido e Devagar – Duas Formas de Pensar -, na qual detalha as pesquisas desenvolvidas ao lado de Amos Tversky, pioneiro no estudo da ciência cognitiva.

Não à toa Kahneman foi um dos palestrantes mais aguardados no primeiro dia do Congresso da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão – realizado na sexta-feira (25/08) em Campos do Jordão.

Para ele, o investidor individual precisa de mais proteção do que imagina quando o assunto são as próprias finanças.

Essa é uma questão que passa ao largo da teoria da racionalidade econômica, ao pressupor que somos racionais e, que apenas por isso, também somos capazes de tomar decisões acertadas sempre.

“Somos racionais, mas podemos cometer erros gravíssimos por influência do comportamento. Na área de finanças, as pessoas precisam de proteção”, afirma Kahneman.

“É uma questão moral e filosófica. Ainda há contratos financeiros e de hipotecas com cláusulas predatórias, impossíveis de serem compreendidas. As grandes instituições financeiras têm meios de evitar perdas. O investidor individual não.”

Em diversos momentos, durante a palestra e em conversa com jornalistas, o Nobel de Economia lembrou da bolha imobiliária nos Estados Unidos, que levou à bancarrota de milhares de famílias, e eclodiu na crise financeira do país em 2008.

Kahneman foi duro com o trabalho da imprensa ao afirmar que há nela há um conflito de interesses. “Os investidores individuais respondem a dicas e notícias da mídia sem saber o que estão fazendo e isso explica porque eles perdem e as instituições financeiras ganham.”

A educação financeira é uma grande aliada para que as pessoas lidem melhor com o próprio dinheiro, mas isso não é suficiente.

O que ganha destaque mesmo na diminuição das perdas e até do sofrimento psicológico de investidores individuais, conforme Kahneman, é o trabalho do planejador, consultor e assessor financeiro –que, ao contrário do que possa parecer, não deve ser procurado apenas para ajudar na escolha de investimentos específicos.

“Nisso eles não são melhores do que os investidores individuais. Eles são mais importantes como terapeutas e coachs, ao ajudar as pessoas a não mudar tanto de ideia e a mexer na política de investimentos no tempo certo”, afirma.

AS QUATRO IDEIAS PSICOLÓGICAS DE IMPACTO PARA OS INVESTIDORES, DE ACORDO COM KAHNEMAN

 

*Texto publicado em 28/08/17 no Diário do Comércio

 

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