Rejane Tamoto

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Não existe amanhã para tirar resoluções financeiras do papel

O ano virou, a vacinação começou, janeiro passou voando e não vai ter Carnaval. O que tudo isso indica? Que 2021 já está acontecendo e não temos que esperar a folia passar para que o ano realmente comece no Brasil, como sempre foi.

Se você entrou em 2021 com uma lista de desejos para tirar do papel, é bom olhar o que se transformou em realidade e o que está perto de sair da lista de intenções. Se se trata de uma tarefa, pode ser mais fácil você já ter concluído. Mas e se esse desejo estiver relacionado à uma mudança de hábito desafiadora?

Nesse caso vale prestar atenção ao que diz a psicologia econômica. A premissa é que usamos regras de bolso ou atalhos mentais para tomar a maior parte das decisões no dia a dia. São justificativas racionais que o nosso cérebro cria para explicar desejos e atitudes que tomamos baseadas em emoções. Então, na hora de agir, usamos as regras de bolso para tomar decisões, que simplificam a forma como avaliamos as informações.

E uma regra de bolso bem interessante quando se trata de começo de ano se chama “crença infundada na capacidade e no autocontrole futuros”.

O nome é comprido, mas significa o seguinte: você decide começar a guardar dinheiro e a investir no dia 02 de janeiro porque agora, em dezembro, não está conseguindo.  Quando chega esse dia, você não faz nada porque algo aconteceu ou você esqueceu.

Ou seja, quando você deixa para agir no futuro, acaba sabotando a realização de um objetivo. É um tipo de pegadinha que criamos para nós mesmos, e que a professora de Psicologia Econômica Vera Rita de Mello Ferreira explica mais nesse vídeo.

Então é preciso prestar atenção em quanto você está adiando uma tarefa difícil, mas muito importante para a realização do seu objetivo.  Pode ser desde guardar dinheiro e investir, ou mesmo revisar o orçamento para saber para onde o dinheiro está indo.

O melhor antídoto contra essa pegadinha é agir agora, sem titubear. Ah, mas hoje é terça-feira, melhor começar na segunda? Não, comece hoje mesmo.

Desde que fiz o curso com a professora Vera Rita e comecei a estudar mais sobre o assunto, tirei muitos objetivos do papel seguindo a lógica de não confiar no autocontrole futuro. Então começo mesmo dietas no sábado, e já me matriculei na academia no dia 27 de dezembro – a qual nunca mais abandonei, a não ser pelas restrições da pandemia.

Não marcar data para iniciar algo que está difícil de começar é o segredo. Então se tem algo que você ainda não fez para tirar um plano financeiro do papel, aproveite essa dica e faça agora. Se não sabe por onde começar, converse com um planejador financeiro para ter em mãos um plano de ação. E não espere o dinheiro sobrar para investir em você, separe-o agora, no começo do mês e dê o primeiro passo na direção dos seus objetivos.

Rejane Tamoto é planejadora financeira CFP®, jornalista e sócia da FIDUC. Voluntária na Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros-, tem como missão transformar positivamente a vida financeira das pessoas e contribuir para o crescimento dessa profissão no país.

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Há parasita em suas finanças?

Parasita, vencedor do melhor filme do Oscar 2020

Parasita é um organismo que vive em outro organismo (hospedeiro), dele retirando seu alimento e geralmente causando-lhe dano, segundo a definição do dicionário. Também é o nome do filme coreano que levou 4 estatuetas do Oscar neste ano. As relações com o dinheiro e, principalmente, entre classes sociais extremas, são a linha condutora da história, que mistura comédia, drama e terror.


Confesso que assisti a primeira metade torcendo para que ali houvesse um planejador financeiro para conduzir a família Ki-Taek. Um dos integrantes até pensa em fazer um pequeno plano financeiro para ingressar em uma universidade, mas o filme começa a revelar uma surpresa atrás da outra. E mostra que, no fundo, o buraco dos conflitos financeiros é mais embaixo. Mas a palavra parasita não saiu da minha cabeça no último mês e depois da premiação.


Quando olho para a vida financeira de indivíduos e famílias, que afirmam ter muita dificuldade para alcançar objetivos, é comum identificar os parasitas responsáveis por tais dificuldades.

Cheque especial

O mais faminto deles são os juros do cheque especial. A pessoa que usa o limite do cheque especial com frequência se alimenta dele, mas na verdade ele se alimenta em volume muito maior da pessoa que o utiliza.


É um parasita e tanto. “Ah, mas os juros baixaram por causa de uma medida do Banco Central.” É verdade, mas esses juros continuam elevados. Quem vive usando o cheque especial vive acima da capacidade e, com o tempo, passa a dever muito mais o que ganha.

Juros do rotativo

O parasita irmão do cheque especial é o rotativo – que são os juros do pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito. Uma vez que ele se instala na sua fatura, você deve tomar medidas rápidas para desalojá-lo, sob o risco de ter uma dívida do tamanho de uma bola de neve.

Taxas e mais taxas

Existem também os parasitas pequenininhos, que aparentemente são inofensivos e que naturalmente estão no nosso sistema. É o caso das taxas que se instalam na conta bancária, na fatura do cartão de crédito e até nos seus investimentos.


São aquelas taxas elevadas e mensalidades de serviços que você às vezes nem usa e comem um pedaço dos seus ganhos todo mês. É um parasita que atrapalha a sua capacidade de poupança e a possibilidade de investir mais para realizar seus projetos.


Há remédios para combater esses parasitas, mas é recomendável obter o receituário médico do especialista em saúde financeira: o seu planejador financeiro.

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